sábado, 10 de outubro de 2009

Vou me Embora para Pasárgada (readaptação)


Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amiga do rei

Lá tenho o homem que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui não sou mais feliz!
Tudo aqui é estressante!
Normas, valores, sistemas
Tudo que nunca quis.
Em Pasárgada tudo é excitante.
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá enfim terei paz.
Poderei ser eu mesma
Sem me preocupar com meus pais.

Andarei a cavalo, Nadarei,
Farei tudo o que me der vontade.
E a noite dormirei, com grande
Serenidade.
Em Pasárgada não há maxismo,
A sociedade é bem mais evoluída.
Tudo é mais seguro,
Nem tudo gira em torno da comida.
Tem bebidas a vontade,
Prostitutos bonitos pra gente namorar.
E quando estiver cansada de tanta perfeição,
Lembrarei de tudo que existia até então.

Vou-me embora pra Pasárgada!

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amiga do rei —

Terei o homem que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

Patrícia da Conceição Freire 2 de outubro de 09

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Sexo Dos Poetas


O gênero, poesia
Do Poeta e sua Cria
O papel é a cama
Onde se enrosca
E se ama
O branco é a virgem
A tinta rompe o himem.

As palavras se amassam
Suas curvas se enlaçam
Cada rima um orgasmo.

Envolve-se num amasso
Cada verso
Um suspiro
As letras
Arrepio

Sobe, desce,
Separam se amarram,
E assim acaba
O sexo da palavra.

Cada estrofe,
Uma gestação
Cada poema,
Uma nova Paixão

O Poeta cria e se delicia
Namora seu poema
Suas curvas, aprecia.
Embriaga-se com a rima
A cada fim de linha.
Ao final quando termina
Nasce a poesia.

Poeta ou Poetisa
Isso é apenas um ponto de vista
Os Xs e Ys neste momento
Não são importantes
Os Xs são sempre predominantes.

O Poeta nasce na ardência da paixão
Cresce a partir de sua emoção
Este eterno amante,
Namora a todo instante
Paixão alucinante
Incêndio incessante.

Acredite se quiser
Neste momento
Sou poeta.
Não uma mulher.



(Patrícia da C. Freire / Paty Freire)

domingo, 30 de agosto de 2009

Morre lentamente

Carpe Diem

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar, morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida a fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante... Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio pleno de felicidade.

sábado, 8 de agosto de 2009


Quem é você?
Você é suas caracteristicas?
você é O que as pessoas dizem?
Você é o seu emprego?
Você e o seu estudo?
Você é seus objetos?
Você é seus desejos?
Você é o seu reflexo no espelho?
Você é o numero do seu RG?
Você é o seu nome?
Você é uma atitude?
Você é um palavra?
Você é os seus pensamentos?
Quem é você?

Como saber que o reflexo que se ve no espelho é seu?
Como saber que os sonhos que tem é seu?
Como saber se as idéias são suas?
Como saber que você é você?

sábado, 1 de agosto de 2009

Choro



Olho e não enxergo nada
Abro os olhos e continuo a não ver sentido.
O que me resta à final?
Desespero?
Sou um ventríloquo...

Desespero! Sentimento que me traz
Algo que não vem só
Desprezo? Pode até vir junto.
O que seria de um sentimento
[que envolve lembranças tão más?

Mas algo vem para libertar.
A salvação,
Grande heroína que me derruba para
Logo levantar...
Algo tão delicado
Inocente e expressivo.

É quente e imprevisível
Tem gosto de morte e desgraça
Mas sem ela não existe vida,
Expressão,
Sentimentos, ruins ou bons,
[depende do contexto.

Escorrem na vidraça
Limpando o espelho da alma,
Lavando todos os sentimentos de angustia.

Assopra quente o sal no olhar
Que purifica com esplendor
E leva-se
Aliviando enfim aquela tão grande dor.

Enxergar
Torna-se mais fácil
Até me poluir novamente
E reprimir este impulso
Com medo de me importar,
Com aquilo que vem na mente.
(janeiro de 2009, Patrícia da C. Freire)

Algo tão latente que me passa na mente sem nem conseguir pensar,
Passa tão rápido que me joga de lado e me deixa a indagar.
Pensamentos distantes que não são importantes vêm a me perturbar.
(surto do momento ^^)

É incrível como temos a capacidade de criar e logo destruir, apagar como se nunca tivesse nem existido, um simples surto de um momento pode não dizer nada e no final cai no esquecimento. Não faz sentido no momento, nem perca seu tempo querendo decifrar, mas talvez um simples surto mesmo sem motivo ou explicação possa dizer muito mais do que podemos imaginar.

sábado, 25 de julho de 2009


Que triste seria querer falar e não saber;

Querer desenhar e não imaginar;

Querer sentir e racionalizar.

Que triste seria ter um lápis e um papel em mãos e não conseguir criar.

É preciso saber falar para dizer algo?

É preciso saber desenhar para imaginar?

É preciso racionalizar para poder sentir?

É preciso um lápis e um papel para poder criar?

Queria saber ler sem nada dizer,

Poder escutar sem nenhum ruído identificar,

Poder viajar sem sair do lugar,

Poder enxergar com olhos de crianças.

Que triste seria terminar de escrever,

Limitar-me a esta norma

Sem nenhuma lembrança.

(readaptação de um texto criado no dia 25/11/2008)

24/07/2009 Patrícia da Conceição Freire

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Delírio de uma mente Presa


Um vento cortante e frio sopra sobre meus cabelos, que se esvoaçam e dançam como se seguissem uma melodia com um timbre melancólico. Sinto como se escutasse gritos agonizantes, mas escuto-os tão baixinho, quase inaudíveis, como se viessem de dentro de mim.

É sexta-feira, a tarde irá chover e não tenho para onde ir. Sigo um caminho sem motivo algum sem uma expectativa de chegar a algum lugar. Vem-me a mente lembranças de afazeres, preocupações, mas por algum motivo minha mente luta em permanecer vazia, apenas seguindo o caminho.

Começa a chover, as finas gotas de água fria parecem agulhas, que furam meu corpo, quando tocam-no. O vento melancólico muda sua melodia, soa agora como uma grande calmaria. Os gritos abafados desaparecem. E assim sigo sem caminho ou destino.

De vez em quando volto a raciocinar e me pergunto: para onde vou? Por que estou aqui? Mas são tentativas falhas de voltar a consciência. Estou tomada por uma nuvem de inconsciência. Será que me tornei viva? Ou será que enfim morri? Não sei. Não tenho motivo, apenas sigo, um passo atrás do outro. Não sinto medo nem nada, apenas sigo.

A chuva continua a cair, certeza que tenho neste momento. Sinto-a e isso me mostra que de fato estou acordada, não é um sonho. A paisagem passa sem a mínima importância e com ela o tempo, as pessoas e tudo o que ficou para trás e não me importei. Já se passou muito tempo desde quando me pus a caminhar. Mas quando comecei? A onde estava? O que me fez seguir este caminho? Não lembro! É como se tivesse nascido no exato momento em que comecei a andar.

A água escorre pelo meu rosto como se fossem lagrimas, lagrimas morta, poderiam ser, não sei. A sensação de estar nesse momento me incomoda. Como posso me dar ao luxo de sair andando com tantas coisas para fazer, mas mesmo assim não paro, sigo sempre indo em frente.

Está escurecendo, estou com frio, saberei voltar para casa depois? Estou perdida sem rumo! Será que realmente somente agora que me perdi? Ou foi a muitos anos atrás?

A chuva finalmente para e junto dela eu também. Paro em um local deserto sem nenhum resquício de vida aparente. Enfim paro para pensar, estive só o tempo todo, caio em consciência, o que irei fazer agora? Que horas são? Preciso voltar, estou com medo, com frio e confusa. Entro em desespero e tento gritar, mas nem um som sai.

Após o desespero vem a aceitação, estou perdida, não consigo pedir ajuda estou só.

Sento em uma pedra e vejo minha imagem retorcida em uma poça d’água. Não consigo distinguir a imagem, apesar de ter a certeza de que deve ser eu, parece uma pessoa, mas não a conheço. A única coisa familiar nela são as roupas, iguais as minhas, mas mesmo assim sei que não sou ela. Como posso afirmar que aquele reflexo é meu? Nunca vi meu rosto.

Olho para o céu e vejo nuvens dançando, se juntando, mudando de formas. Todas seguem o mesmo caminho, algumas mais rápido outras nem tanto, algumas ainda se desfazem no meio do caminho.

Derrepente sinto uma grande paz, sinto todas as preocupações se esvaindo e junto delas todo meu medo e frio, agora não sinto mais nada, olho novamente para a poça d’água e não vejo mais ninguém refletido, agora só há um céu negro com grandes borrões e pequenos pontos cintilantes que tentam se esconder por de trás dos borrões. Olho para o céu novamente e fecho meus olhos, sinto-me leve, como–se a brisa molhada me carregasse para algum lugar, qualquer lugar, não me preocupo mais com nada, agora não sinto mais nada, nem mesmo o peso do meu corpo, não existo mais, me torno tudo e ao mesmo tempo nada. Estou livre.

(Delírio de uma mente Presa. 27/11/2008)

Patrícia da Conceição Freire

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Meu Mundo


Existe um mundo muito legal, onde coisas boas e ruins acontecem. Este mundo gira como o meu gosto, apenar de os sentimentos não serem como queira.
Neste mundo muito distante assisto seus acontecimentos como uma telespectadora, vejo tudo o que acontece e também sou personagem. Mas aquela pessoa não sou eu. Por que tanta frustração? Idealizo um mundo, mas mesmo nele não me sinto satisfeita. Sou Deus em meu mundo, mas não tenho controle sobre ele, tento manter uma ordem, mas foge ao meu controle. Começo pensando em algo e termino com a destruição de tudo. Após sua criação, este mundo ganha vida própria, vontades próprias e rejeita seguir meus planos.
Meu mundo não existe mais, virou mais um apenas, uma idéia com vida própria. Meu personagem não sou eu. O que me resta? Assistir sua evolução até a destruição ou tentar criar outro mundo na esperança de controlá-lo?


Patrícia da Conceição Freire data escrita 25/11/2008 modificações finais 29/01/2009

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

BOBO


Das Vantagens de Ser Bobo(por Clarice Lispector)
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir tocar no mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: “Estou fazendo, estou pensando.” Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo parece nunca ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era que o aparelho estava tão estragado que o concerto seria caríssimo: mais vale comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu. Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: “Até tu, Brutus?” Bobo não reclama. Em compensação, como exclama! Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz. O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação, os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem. Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas! Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.